 |
|
Jogadores da Seleção Brasileira comemoram o belo gol marcado por Neymar, no começo da partida no Estádio Nacional |
Era
a mesma torcida que vaiou estrondosamente a presidente Dilma Rousseff e
o suíço Joseph Blatter, mandatário da Fifa, na abertura da Copa das
Confederações que o técnico Luiz Felipe Scolari estava ansioso para
conquistar. Nem houve muito tempo para temer contestações também à
Seleção Brasileira. Um gol marcado por Neymar logo aos dois minutos do
primeiro tempo abriu o caminho para a tranquilidade com a vitória por 3 a
0 sobre o Japão, na tarde deste sábado, no Mané Garrincha. Paulinho e
Jô completaram o placar.
O resultado trouxe mais do que os primeiros
três pontos ganhos pelo Brasil no grupo A da Copa das Confederações.
Garantiu também um pouco de paz para Felipão e principalmente para
Neymar. Com a camisa 10 da Seleção às costas, o astro do Barcelona
transformou as contestações que o tiraram do sério nas últimas semanas
em alegria com alguns momentos de ousadia diante dos japoneses.
A
Seleção Brasileira deverá ter um teste um pouco mais difícil na segunda
rodada de sua chave na Copa das Confederações, na quarta-feira, quando
enfrentará o habitual carrasco México no Castelão. O Japão buscará a sua
reabilitação contra a Itália no mesmo dia, na Arena Pernambuco.
O jogo –
Neymar parecia mais concentrado do que o normal ao pisar no gramado do
Mané Garrincha. Com olhares fixos, o camisa 10 da Seleção Brasileira foi
até o centro do campo, combinou jogadas com o parceiro Fred ao pé do
ouvido e rebolou bastante para se aquecer. Dois minutos depois de dar o
primeiro toque na bola do jogo com o Japão, já estava dançando para
festejar.
Sem perder tempo após a partida começar, Marcelo fez
bom lançamento para Fred, da esquerda para a meia-lua. O centroavante do
Fluminense matou a bola no peito antes de Neymar aparecer para chutar
forte, acertando o ângulo da meta defendida por Kawashima. Era o que
faltava para ele abrir um sorriso, sacudir os braços para o público e
finalmente ser ovacionado a serviço da Seleção Brasileira.
O gol
fez Neymar se soltar em campo. Sempre cobrado para defender o Brasil com
a mesma ousadia e alegria que tinha no Santos, o atacante do Barcelona
começou a parar na frente da marcação japonesa, a passar o pé sobre a
bola e arriscar jogadas individuais. Tudo estava dentro do que foi
planejado por Felipão, que gesticulava à beira do campo, mas com um
semblante calmo.
 |
|
Paulinho marcou o segundo gol da Seleção |
O
Japão não demorou muito a dar motivos para Felipão se preocupar. Aos
oito minutos, Honda (o mais famoso jogador do time adversário) concluiu
de primeira após um cruzamento da direita e viu a bola subir demais – o
que foi suficiente para assustar Júlio César. O goleiro marcado por suas
falhas na última Copa do Mundo transparecia nervosismo, escorregando no
gramado (molhado para facilitar o toque de bola) e fazendo defesas em
dois tempos.
Quando o Japão já começava a ser mais presente no
ataque, o contestado Hulk se tornou uma boa válvula de escape para a
Seleção Brasileira, pelo lado direito. Aos 21 minutos, por exemplo, o
atacante do Zenit tabelou com Daniel Alves, invadiu a área e bateu
cruzado. O goleiro Kawashima deu rebote, porém a defesa japonesa
interceptou a bola antes que o volante Paulinho pudesse aproveitar.
Apesar
de Hulk ter se mostrado uma boa alternativa, a torcida que se dizia
brasileira “com muito orgulho e com muito amor” queria mais. O público
não conseguiu conter as vaias ao ver a Seleção trocar passes no campo de
defesas, recuando a bola até Júlio César, quando não encontrou espaços
para ser mais incisiva. Sobrou revolta também com o árbitro lusitano
Pedro Proença, capaz de entender ofensas direcionadas a ele em mau
português.
No final do primeiro tempo, no entanto, o Brasil
voltou a empolgar os torcedores presentes no Mané Garrincha. Aos 40
minutos, alguns deles chegaram a gritar “gol” quando Hulk fez a sua
jogada característica, clareando para o meio e chutando forte, e acertou
o lado externo da rede. Aos 42, Fred também levantou o público ao
receber lançamento de Neymar e finalizar rasteiro e cruzado. Kawashima
defender com as pontas dos dedos.
Satisfeito com a evolução da
Seleção Brasileira nos últimos minutos da etapa inicial, Felipão não fez
alterações no intervalo. Foi recompensado com mais um gol aos dois
minutos, desta vez do segundo tempo. Paulinho voltou a mostrar presença
de área ao dominar bem a bola depois de um cruzamento por baixo de
Daniel Alves, girou e concluiu. Kawashima ainda tocou na bola, mas
aceitou o gol.
 |
|
No fim da partida, Jô, do Atlético, marcou o terceiro |
A
vantagem no marcador fez a Seleção ficar mais relaxada em campo. O
técnico italiano Alberto Zaccheroni, ao contrário, viu-se obrigado a
fazer a primeira substituição do jogo para reanimar o Japão, com Maeda
no lugar de Kiyotake. Do lado dos brasileiros, os torcedores não
esperaram tanto na expectativa de ver o time em busca de mais um gol:
começaram a pedir a entrada do xodó Lucas.
Felipão até resistiu
um pouco para dar ouvidos aos apelos do público. Só mandou Lucas a campo
(para delírio generalizado) aos 28 minutos, no instante em que o Brasil
já passava a administrar a partida e oferecia espaços para o Japão
atacar. O escolhido para sair foi o astro Neymar, o que fez alguns
torcedores se irritarem com Felipão. Pouco depois, mais aplausos, para a
troca de Hulk por Hernanes.
Com as mudanças, a Seleção
Brasileira voltou a trocas passes – prejudicada pelo estado ruim do
gramado do Mané Garrincha – na sua intermediária ofensiva. A torcida
gostou, ainda mais porque Lucas estava disposto a gingar ao carregar a
bola para a frente. Já nos minutos finais, com a tranquilidade para dar
sequência ao seu trabalho na Copa das Confederações assegurada, Felipão
ainda fez mais uma alteração ofensiva: Fred, aplaudido, por Jô.
Nos
acréscimos, depois que a torcida já tinha até gritado “olé”, houve
tempo para Jô consagrar a substituição de Felipão. O atacante do
Atlético recebeu grande assistência de Oscar e concluiu rasteiro para
fechar o marcador no raro final de tarde chuvoso de Brasília. Conforme
berrava o público, “o campeão voltou”.
BRASIL 3 X 0 JAPÃO
Local: Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF)
Árbitro: Pedro Proença (Portugal)
Público: 67.427 pagantes
Cartões amarelos: Hasebe (JAPÃO)
Gols: BRASIL: Neymar, aos dois minutos do primeiro tempo, Paulinho, aos dois, e Jô, aos 48 minutos do segundo tempo
BRASIL: Júlio
César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo,
Paulinho e Oscar; Hulk (Hernanes), Fred (Jô) e Neymar (Lucas)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
JAPÃO: Kawashima; Uchida, Yoshida, Konno e Nagatomo; Hasebe, Endo (Hosogai), Kiyotake (Maeda) e Honda (Inui); Kagawa e Okazaki
Técnico: Alberto Zaccheroni