“Estadão” destaca liderança da oposição no Maranhão e fim do ciclo oligárquico
A
diferença chega a 45 pontos de diferença entre Flávio Dino (PCdoB) e o
candidato da família Sarney, Luís Fernando Silva (PMDB). Segue abaixo a
matéria completa:
SUPREMACIA AMEAÇADA JOÃO BOSCO RABELLO
Em
meio ao caos que precede e permeia todo fim de ciclo histórico, de que é
cenário hoje a política nacional, uma placa teutônica se desloca longe
dos olhos da maioria, mantendo distante o que parece o fim do mais
longevo feudo patrimonialista brasileiro - o clã Sarney no Maranhão,
não por acaso, onde se registram os piores índices de vida do País há
décadas.
Os ventos de mudança que impõem a transformação dos
costumes políticos decadentes, herdados do colonialismo português,
parecem ter alcançado a ilha de resistência mais notória desse processo,
segundo as pesquisas à sucessão da governadora Roseana Sarney.
Pela
primeira vez, a oposição larga na frente na disputa eleitoral no Estado
– e com uma vantagem até recentemente impensável de 45% sobre o segundo
colocado. O presidente da Embratur, Flávio Dino (PC do B), lidera a
corrida em todos os cenários, sendo o mais expressivo o que o coloca com
60% da preferência contra 15% de Luis Fernando (PMDB), apoiado pelo clã
Sarney.
Cenário que se mantém quando Fernando é substituído pelo
aliado histórico de Sarney, o ministro das Minas e Energia, Edison
Lobão, dono do maior índice de rejeição (39%).
A pesquisa indica
também a vitória da oposição na disputa pelo Senado contra qualquer um
dos pré-candidatos da família Sarney. Na disputa com Roseana, o
vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), tem 43,69% contra 35,38%
da governadora.
Com mandatos ininterruptos desde 1955 (salvo
breves sete meses entre a saída da Presidência e março de 1990), o
senador José Sarney está diretamente ligado aos índices negativos do
Estado. O mais baixo índice de Desenvolvimento Humano (IDH), refletido
na maior taxa de mortalidade infantil do País (28 por mil habitantes),
na maior pobreza extrema e no menor número de médicos por habitante.
Significa
dizer que no Estado comandado hoje por Roseana e os irmãos Murad –
Jorge e Ricardo (este, secretário de Saúde, pasta com 50% do orçamento),
22% da população sobrevivem com R$ 2,20 por dia e só metade mora em
casas com água e banheiro. Em contraste com a riqueza natural
materializada no gás, petróleo, soja e indústrias e com o poder político
nacional que fez do chefe do clã presidente da República e quatro vezes
do Senado Federal.
Por vezes, essa supremacia estadual de Sarney
foi ameaçada, mas jamais abalada. Porém, foi seguramente a aliança com o
PT que lhe garantiu fôlego na última década, em que se impôs
regionalmente, como demonstra a censura do presidente Rui Falcão à
propaganda regional do partido, com críticas ao IDH do Estado, a pedido
de Sarney. (O Estado de S. Paulo)
Um
dos principais colunistas da política nacional destacou neste domingo
(1º) o fim do ciclo histórico de supremacia da família Sarney no
Maranhão. João Bosco Rabello, repórter e articulista do jornal ‘O Estado
de S. Paulo’, salienta a liderança da oposição maranhense em todas as
pesquisas para o Governo do Estado e para o Senado.
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