Por Wilson Lima e Ricardo Galhardo – iG Brasília e iG São Paulo
Discretamente
o PT prepara o terreno para pôr fim à incômoda aliança com a família
Sarney no Maranhão. Nas últimas semanas, integrantes da direção nacional
mandaram recados ao vice-governador Washington Luiz (PT) para que ele
aceite a proposta da governadora Roseana Sarney (PMDB) de se afastar do
cargo e aceitar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Com
isso, o partido espera quitar as dívidas políticas com os Sarney e ter
liberdade para apoiar a candidatura de Flavio Dino (PC do B) ao governo
do Maranhão. Pesa na tática petista o delicado estado de saúde do
senador José Sarney (PMDB-AP) e falta de um sucessor à altura dele no
clã.
O afastamento de Washington
abriria caminho para uma manobra delicada que, segundo petistas e
aliados de Roseana, está nos planos da governadora como forma de
preparar o terreno para que seu secretário da Casa Civil, Luís Fernando
Silva, candidato oficial do Palácio dos Leões, assuma o governo em pleno
ano eleitoral.
A manobra seria a
seguinte: antes, ela convenceria o vice a assumir uma vaga no TCE. Dessa
forma, com a vacância no cargo de vice, ela teria condições para deixar
antecipadamente o governo e convocar eleições indiretas para o cargo.
A
Constituição do Maranhão prevê, em seu artigo 60, que em caso de
vacância no cargo de governador ou vice serão seus substitutos o
presidente da Assembleia Legislativa ou do Tribunal de Justiça do
Estado. Eles, em caso de vacância do cargo de governador nos dois
últimos anos de mandato, são obrigados a convocar eleições indiretas
para o governo, conforme determina o inciso I, do artigo 61 da
Constituição do Estado.
Essa
ideia, entretanto, é vista com uma certa ressalva inclusive pelos
aliados de Roseana. Isso porque não há garantias de que a Assembleia
Legislativa do Maranhão vá confirmar o nome de Luís Fernando Silva no
governo do Estado. Em 2003, em manobra semelhante, a família Sarney
perdeu o controle da Assembleia Legislativa na gestão de José Reinaldo
Tavares (PSB), ex-integrante do grupo que se rebelou contra os Sarney e
abriu caminho para a eleição de Jackson Lago em 2006.
A
cúpula petista dá total apoio à manobra e tenta convencer Washington a
aceitar a vaga no TCE. O vice tem recusado a proposta e continua
irredutível na intenção de assumir o governo mesmo que seja apenas por
alguns meses. A direção petista avalia que, se conseguir eliminar o
entrave para o plano de Roseana, estará quite com a família Sarney e
ficará livre para apoiar Dino.
O
principal objetivo da manobra de Roseana seria cacifar seu candidato à
própria sucessão. Há aproximadamente três meses, Silva vem inaugurando
obras e participando de ações do governo do Estado visando ser mais
conhecido no interior, onde ele ainda é tido como um desconhecido.
Fontes ligadas à Roseana afirmam que esse tipo de iniciativa vem dando
um grande capital político a Silva.
O
segundo objetivo diz respeito à disputa pelo Senado. Apesar de não
admitir isso publicamente, começa a crescer dentro do eixo sarneísta a
possibilidade de a governadora do Maranhão lançar-se novamente ao
Senado. Em tese, o homem apontado pelo Palácio dos Leões para a disputa
da vaga é o atual ministro do Turismo, Gastão Vieira. Mas Vieira afirmou
a interlocutores na festa de casamento de uma das netas do presidente
do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em julho, que não tem mais “idade”
para uma disputa ao Senado. Ele prefere tentar mais um mandato como
deputado federal.
Sem opções de nome
do grupo ao Senado, Roseana deve se lançar candidata na vaga que será
deixada no Estado por Epitácio Cafeteira (PTB-MA) no ano que vem.
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